domingo, 25 de janeiro de 2009

Decisão da Suprema Corte institucionaliza discriminação racial - Anistia Internacional

16 de maio de 2006 - Anistia Internacional

Index: MDE 15/042/2006 (Public) News Service No: 126

Fonte: http://www.amnesty.org/en/library/asset/MDE15/042/2006/en/dom-MDE150422006en.html

A decisão da Suprema Corte de Justiça de Israel, em 14 de maio (de 2006) manteve uma lei que explicitamente nega direitos às famílias baseando-se em etnicidade ou origens nacionais, em um passo além na institucionalização de discriminação racial em Israel.

A "Lei de entrada e cidadania em Israel" impede a reunificação de famílias de israelenses casados com palestinos dos territórios palestinos ocupados. Tem como alvo específico os árabes-israelenses (palestinos cidadãos de Israel) que compõem a quinta parte da população de Israel e Palestinos de Jerusalém (1), que são eles que se casam com palestinos da Cisjordânia e Faixa de Gaza. Milhares de casais são atingidos por esta lei discriminatória, que força cidadãos árabes de Israel à deixar seu país ou serem separados de seus/suas esposos/esposas e filhos. As leis militares de Israel proíbem israelenses de entrarem em centros populacionais nos territórios ocupados e cidadãos israelenses não poderão se juntar com seus esposos lá, e, ao mesmo tempo, palestinos casados que estejam em Israel sem autorização correm o constante risco de serem deportados e separados de suas famílias.

Além disso, casais israelenses-palestinos serão obrigados a se mudarem para outro país para viverem juntos, uma opção nem sempre possível ou desejável para eles. No mais, palestinos de Jerusalém perderão sua residência e o direito de voltar a viver novamente lá se eles se mudarem da cidade.

Cinco dos onze juízes da Suprema Corte de Justiça de Israel que decidiram sobre esta lei em 14 de maio, incluindo o presidente da corte, votaram contra a manutenção da lei, reconhecendo-a como uma violação de Direitos Humanos. O presidente desta corte, Aharon Barak, anunciou que a lei viola os direitos dos árabes-israelenses à igualdade. Ainda, que a lei viola à absoluta proibição à discriminação contida no Direito Internacional no que concerne aos Direitos Humanos, notadamente vários tratados que Israel ratificou e é obrigado a observar, incluindo a Convenção Internacional para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, o tratado internacional de Direitos Civis e Políticos, o tratado sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e a Convenção sobre Direitos da Criança. A provisão na lei que permite concessão discricionária de permissão para residência temporária para esposos acima de 35 anos e esposas acima de 25 anos é arbitrária no sentido de não alterar o caráter discriminatória da lei.

Segundo ele, não irá ainda beneficiar a maioria de casais israelenses-palestinos, que casam em idade inferior ao que estabelece a lei. Finalmente, a permissão de esposos/esposas que atendam ao critério pode ser rejeitada com base na alegação de que um membro das famílias seja "risco à segurança" pelos serviços de segurança israelenses. Milhares de palestinos buscando a unificação familiar antes da aprovação da lei foram rejeitados com base em "razões de segurança" não especificadas, falta de detalhes que impede para aqueles rejeitados de prover subsídios legais suficientes para desafiar juridicamente a decisão.

As autoridades isralenses tentaram justificar a lei com bases em assuntos de segurança, mas não trouxeram evidências convincentes para seus argumentos. Ainda que 25 pessoas, algumas das quais nascidas de pais israelenses e que não estavam em Israel por conta da unificação familiar, estiveram envolvidas em ofensas relacionadas à ataques à segurança, isto não pode justificar a reunificação familiar para todos os palestinos.

Fazendo isto, se dá um processo desproporcional e discriminatório que constitui uma forma de punição coletiva, proibida pelo Direito Internacional. No mais, declarações de oficiais israelenses e legisladores que apóiam a nova lei indicaram que ela não é principalmente motivada pela demografia, mas por razões de segurança - isto é, uma determinação para reduzir a porcentagem de árabes-israelenses entre a população do país. O banimento à unificação de famílias de casais israelenses-palestinos, inicialmente introduzida por meio de uma decisão administrativa do Ministro do Interior, em 2002, e subsequentemente aprovada pelo Parlamento de Israel (Knesset) em julho de 2003, está prevista para ser revista pelo Parlamento em julho.

A Anistia Internacional reitera seu chamado ao governo israelense e aos membros do Parlamento para repelirem esta lei e assegurarem que todas as medidas para implementação de segurança, incluindo qualquer alteração à lei de cidadania, estejam de acordo com o direito internacional e os direitos humanos, principalmente com o princípio da não discriminação.

(1) Palestinos que permaneceram em Israel depois da criação de Israel em 1948 e se tornaram cidadãos do país, enquanto que os cidadãos palestinos de Jerusalém receberam um status especial de residentes permanentes após a ocupação de Jerusalém Leste (o centro e área tradicional, árabe) em 1967 e sua sequente anexação. Hoje, existem mais de 230.000 cidadãos palestinos com residência permanente em Jerusalém.

Israel/Occupied Territories: High Court decision institutionalizes racial discrimination

AMNESTY INTERNATIONALPublic StatementAI Index: MDE 15/042/2006 (Public)News Service No: 126 16 May 2006
The decision by the Israeli High Court of Justice on 14 May to uphold a law which explicitly denies family rights on the basis of ethnicity or national origins is a step further in the institutionalization of racial discrimination in Israel. The “Citizenship and Entry into Israel Law” bars family reunification for Israelis married to Palestinians from the Occupied Territories. It specifically targets Israeli Arabs (Palestinian citizens of Israel), who make up a fifth of Israel’s population, and Palestinian Jerusalemites,(1) for it is they who marry Palestinians from the West Bank and Gaza Strip.Thousands of couples are affected by this discriminatory law, which forces Israeli Arabs married to Palestinians to leave their country or to be separated from their spouses and children. Israeli military law forbids Israelis from entering the main population centres in the Occupied Territories and Israeli citizens cannot join their Palestinian spouses there, and at the same time Palestinian spouses staying in Israel without a permit are constantly at risk of being deported and separated from their families. Thus, Israeli-Palestinian couples would ultimately be forced to move to another country in order to live together – an option which is neither feasible nor desirable for those concerned. In addition, Palestinian Jerusalemites would lose their residency and their right to ever live in Jerusalem again if they move out of the city. Five of the 11 High Court of Justice’s judges who ruled on this law on 14 May, including the Court’s President, voted against upholding the law, recognizing that it infringes human rights. The Court’s President, Aharon Barak, stated that the law violates the right of Israeli Arabs to equality. Indeed, the law violates the absolute prohibition on discrimination contained in international human rights law, notably several treaties which Israel has ratified and is obliged to uphold, including the International Convention on the Elimination of All Forms of Racial Discrimination (ICERD), the International Covenant on Civil and Political Rights (ICCPR), the International Covenant on Economic, Social and Cultural Rights (ICESCR), and the Convention on the Rights of the Child (CRC). The provision in the law which allows for the discretionary granting of temporary residence permits for Palestinian male spouses over 35 and female spouses over 25 is arbitrary in nature and does not alter the discriminatory character of the law. It will also not benefit the majority of Israeli-Palestinian couples, who marry at a younger age. Moreover, the permit applications of spouses who meet the age criteria can be rejected on the grounds that a member of his/her extended family is considered a “security risk” by Israeli security services. Thousands of Palestinians seeking family reunification prior to the passing of this law were rejected on unspecified “security” grounds in circumstances where the failure to provide detailed reasons for each rejection made it impossible for those rejected to mount an effective legal challenge to the decision. The Israeli authorities have sought to justify the law on security grounds but have brought no convincing evidence to substantiate such claims. Even claims that some 25 people, some of whom were born to Israeli parents and were not in Israel as a result of family reunification, have been involved in attacks in security-related offences, cannot justify denying family reunification to every Palestinian. Doing so is discriminatory and disproportionate and would constitute a form of collective punishment, prohibited under international law. Moreover, statements by Israeli officials and legislators who support the new law indicate that it is primarily motivated by demographic, rather than security, considerations - that is, a determination to reduce the percentage of Israeli Arabs among the country's population. The ban on family unification for Israeli-Palestinian couples, initially introduced by an administrative decision of the Interior Minister in 2002 and subsequently passed into law by the Israeli Knesset in July 2003, is due to be reviewed by the Israeli Knesset next July. Amnesty International reiterates its call on the Israeli government and on Members of the Knesset to repeal this law and to ensure that any steps taken to address security concerns, including any amendments to the citizenship law, comply with international human rights law – notably the principle of non-discrimination.(1) Palestinians who remained in Israel after the establishment of the state in 1948 became Israeli citizens, whereas the Palestinian inhabitants of Jerusalem received a special status as permanent residents after Israel’s occupation of East Jerusalem in 1967 and its subsequent annexation. Today, there are about 230,000 Palestinian permanent residents of Jerusalem.

Número de Árabes-Israelenses abaixo da linha da pobreza é de 50.1% em 2008

Tel Aviv, 25 de Janeiro de 2009 (WAFA) - O Jornal diário de Israel, Haaretz, citou um relatório mostrando que o total de árabes-israelenses vivendo em Israel abaixo da linha de pobreza caiu de 51.4% na segunda metade de 2007 para 50.1% na primeira metade de 2008.

Comentando os dados, o Dr. Shlomo Swirski, diretor acadêmico do Centro Adva, uma organização de análise política não-partidária, disse ao Haaretz: "Quando metade da população árabe ainda vive abaixo da linha de pobreza, isto é uma vergonha nacional e é difícil ver estes dados com orgulho de alguma suposta melhoria."

O relatório de pobreza semi-anual publicado pelo Instituto de Segurança Social também mostrou um declínio na porcentagem de cidadãos israelenses idosos vivendo abaixo da linha de pobreza, de 22.6% no fim de 2007 para 22.2% no começo de 2008.

Enquanto o número de famílias abaixo da linha de pobreza no centro de Israel caiu entre a população judaica, o relatório adicionou que aumentou entre os árabes de ambas as regiões e no sul. Em Haifa e no Norte, no entanto, o número de judeus abaixo da linha de pobreza aumentou, enquanto o de árabes diminuiu.

O relatório disse que 418.000 famílias estavam vivendo abaixo da linha de pobreza, representando 1.63 milhões de pessoas, sendo 777.400 crianças.

The percentage of unemployed poor families rose in relation to the previous report for 2007, from 69% to 71.4%. however, the percentage of working poor also rose: Families with two or more breadwinners living below the poverty line increased from 21.3% to 23.6%, and became poorer by a rate of 7 to 10%.

A porcentagem de famílias pobres desempregadas aumento em relação ao relatório anterior para 2007, de 69% para 71.4%. No entanto, a porcentagem de pobres trabalhando também aumentou: famílias com dois ou mais daqueles que sustentam a casa vivendo abaixo da linha de pobreza aumentou de 21.3% para 23.6% e se tornaram mais pobres de 7% para 10%.

Arab-Israelis living under the poverty line are 50.1% in 2008

TEL AVIV, January 25, 2009 (WAFA)- Haaretz Israeli Daily Newspaper quoted a report showing that the overall percentage of Palestinians citizens of Israel living below the poverty line declined from 51.4% in the second half of 2007 to 50.1% in the first half of 2008.

Commenting on this figure, Dr. Shlomo Swirski, the academic director of the Adva Center, a non-partisan policy analysis organization, told Haaretz: “When half of the Arab population still lives below the poverty line, this is a national shame and it is difficult to see these figures as a source of pride in achievement.”

The semi-annual poverty report published by the national Insurance Institute also showed a decline in the percentage of senior Israeli citizens living below the poverty line, from 22.6% at the end of 2007 to 22.2% at the beginning of 2008.

While the number of families below the poverty line in the center of Israel decreased among the Jewish population, the report added, it rose among Arabs in both this region and the south. In Haifa and the north, however, the number of Jews below the poverty line rose, while the number of Arabs decreased.

The report stated that 418,000 families were living below the poverty line, representing 1.63 million people, 777,400 of them children.

The percentage of unemployed poor families rose in relation to the previous report for 2007, from 69% to 71.4%. however, the percentage of working poor also rose: Families with two or more breadwinners living below the poverty line increased from 21.3% to 23.6%, and became poorer by a rate of 7 to 10%.

Source:
http://english.wafa.ps/?action=detail&id=12565

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Relator de Direitos Humanos da ONU: Gaza invoca memórias do Gueto de Varsóvia

Relator de Direitos Humanos da ONU: Gaza invoca memórias do Gueto de Varsóvia


By Haaretz Service and Reuters

Há evidências de que Israel cometeu crimes de guerra durante a campanha de 22 dias na Faixa de Gaza e deveria haver uma investigação independente, afirmou Richard Falk, investigador da ONU para Direitos Humanos nos Territórios Palestinos Ocupados, quinta-feira.

O sofrimento mental imposto a todos os civis durante o ataque é tamanho que a inteira população de Gaza poderia ser vista como vítimas, disse Falk, relator especial da ONU.

Falk, falando por telefone de sua casa, na Califórnia, EUA, disse que as evidências de que as ações de Israel em Gaza violaram o Direito Internacional Humanitário deveriam motivar uma investigação independente para avaliar se foram cometidos Crimes de Guerra.

"Eu acredito que é o primeiro passo para se chegar à uma conclusão" ele disse em uma conferência à imprensa em Genebra, Suíça.

Falk disse que Israel não fez nenhum esforço para permitir que civis escapassem da guerra.

"Trancar pessoas em uma zona de guerra é algo que invoca as piores memórias internacionais do Gueto de Varsóvia e cercos que ocorreram sem intenção durante o período de guerra."
Falk, que é judeu, disse, se referindo à fome e assassinato de judeus em Varsóvia pelos Nazistas alemães durante a Segunda Guerra Mundial.

"Poderia haver alguma medida temporária para permitir que crianças, deficientes e civis doentes, deixassem a área, ainda que para a área que deixassem fosse o sul de Israel." disse o acadêmico dos EUA.

Falk disse que a população inteira de Gaza, que foi trancafiada em uma zona de guerra, sem possibilidade de sair como refugiados, deve ter causado danos mentais para toda a vida. Se assim for, a definição de vítima deveria se estender à toda a população civil.

Falk, que teve entrada em Israel negada duas semanas antes do ataque iniciar, em 27 de dezembro de 2008, anulou o argumento de Israel, de que o ataque seria em legítima defesa diante dos ataques de mísseis disparados pelo Hamas.
"Em minha leitura da Carta da ONU e do Direito Internacional, não há fundamento legal para o alegado direito à legítima defesa", ele disse.

Israel não se restringiu à atacar áreas em que os foguetes eram lançados e se recusou a negociar com o Hamas, impedindo uma solução diplomática, disse Falk.

O Ministro de Relações Exteriores de Israel rejeitou as afirmações de Falk: "Não há necessidade para se preocupar. Falk é conhecido por odiar Israel.", ele disse em uma entrevista para a Rádio das Forças Armadas de Israel.

Cerca de 1.300 palestinos, muitos dos quais crianças, foram mortos e 5.000 feridos no ataque. 10 soldados israelenses e três civis foram mortos.

UN human rights official: Gaza evokes memories of Warsaw Ghetto

23/01/2009

UN human rights official: Gaza evokes memories of Warsaw Ghetto
By Haaretz Service and Reuters
http://haaretz.com/hasen/spages/1058196.html

There is evidence that Israel committed war crimes during its 22-day campaign in the Gaza Strip and there should be an independent inquiry, UN investigator Richard Falk said Thursday. The mental anguish of the civilians who suffered the assault is so great that the entire population of Gaza could be seen as casualties, said Falk, U.N. special rapporteur on human rights in the occupied West Bank and Gaza Strip. Falk, speaking by phone from his home in California, said compelling evidence that Israel's actions in Gaza violated international humanitarian law required an independent investigation into whether they amounted to war crimes.
"I believe that there is the prima facie case for reaching that conclusion," he told a Geneva news conference. Falk said Israel had made no effort to allow civilians to escape the fighting. "To lock people into a war zone is something that evokes the worst kind of international memories of the Warsaw Ghetto, and sieges that occur unintentionally during a period of wartime," Falk, who is Jewish, said, referring to the starvation and murder of Warsaw's Jews by Nazi Germany in World War Two. "There could have been temporary provision at least made for children, disabled, sick civilians to leave, even if where they left to was southern Israel," the U.S. professor said. Falk said the entire Gaza population, which had been trapped in a war zone with no possibility to leave as refugees, may have been mentally scarred for life. If so, the definition of casualty could be extended to the entire civilian population. Falk, who was denied entry to Israeltwo weeks before the assault started on Dec. 27, dismissed Israel's argument that the assault was for self-defense in the light of rocket attacks aimed at Israel from the Hamas-ruled Gaza strip. "In my view the UN charter, and international law, does not give Israel the legal foundation for claiming self-defence," he said. Israel had not restricted fighting to areas where the rockets came from and had refused to negotiate with Hamas, preventing a diplomatic solution, Falk said. A Foreign Ministry official rejected Falk's accusations. "There's no need to lose one's temper. Falk is a well-known Israel hater," he told Army Radio. About 1,300 Palestinians, many of them civilians, were killed and 5,000 wounded in the assault. Ten Israeli soldiers and three civilians, hit by cross-border rocket fire, were killed.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Mundo não deve comemorar um novo apartheid, diz pesquisadora


Mundo não deve comemorar um novo apartheid, diz pesquisadora

Para Nadia Hijab, do Instituto de Estudos Palestinos, Israel segrega os árabes.
Ela diz que é preciso oferecer direitos humanos aos palestinos.
Daniel Buarque Do G1, em São Paulo

Em vez de celebrar a fundação de um Estado, o aniversário da independência israelense deve ser aproveitado para observar o sofrimento palestino, segundo a pesquisadora do Instituto para Estudos Palestinos Nadia Hijab.

Para Hijab, que é descendente de palestinos, o mundo não deve celebrar um novo apartheid, que é como se refere à situação dos palestinos sob domínio israelense. Apartheid é uma palavra usada para designar o sistema discriminatório implementado na África do Sul, na metade do século XX, que segregou oficialmente negros e brancos no país. Segundo ela, a legitimidade do Estado de Israel não está sendo questionada. “Israel existe. Isso é um fato. A Palestina, por outro lado, não existe. Os palestinos vivem em situação trágica”, disse, em entrevista ao G1, por telefone. Para ela, é importante focar numa resolução para a situação, para que os dois povos possam conviver pacificamente.
G1 – A senhora acha que o mundo deve comemorar os 60 anos do Estado de Israel? Por quê?
Nadia Hijab – O mundo celebrou o apartheid sul-africano? Não. A situação de Israel é comparável a esta, porque muitas das políticas israelenses em relação aos palestinos são iguais às do apartheid, e poderiam ser chamadas assim de acordo com a resolução da ONU sobre apartheid. Este termo já é usado até por analistas israelenses.
Não devemos celebrar porque os palestinos estão vivendo em situações realmente terríveis sob ocupação israelense na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. Eles são exilados em campos de refugiados ou são cidadãos de segunda classe dentro do Estado de Israel. Há cerca de 1,2 milhão de palestinos com passaportes israelenses, e eles são vistos como cidadãos inferiores, e não têm os mesmos direitos que os cidadãos judeus israelenses. Estamos falando de três níveis de discriminação, então não acho que deva ser celebrado.
G1 – Alguns críticos atacam a atuação de Israel em relação aos palestinos e acabam atacando a própria existência do Estado judeu. A senhora acha que a legitimidade de Israel está em jogo?
Hijab – Os israelenses vivem reclamando que sua existência não é reconhecida, mas isso não está em questão. Israel existe. Isso é um fato. Ele faz parte da ONU, é reconhecido por quase todos os países das Nações Unidas, tem um Exército forte, uma economia importante. Ele existe, não está em jogo. A Palestina, por outro lado, não existe. Os palestinos vivem na situação trágica que descrevi, e não têm acesso aos direitos humanos básicos.
G1 – E qual a solução para este problema?
Hijab - Duas soluções são discutidas, com dois ou com um Estado apenas. O objetivo palestino desde os anos 70 é a formação de dois estados, um judeu e um palestino. O problema é que muitos palestinos hoje em dia acham impossível esta solução por conta dos assentamentos israelenses na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. A colonização da Cisjordânia se deu sob o argumento da segurança israelense, mas acabou causando a insegurança do Estado judeu. Para a solução de dois estados, Israel precisa se retirar da Cisjordânia, o que parece que não vai acontecer.

Uma segunda proposta vem então à tona, e não é a minha posição, apenas repito o que muitos palestinos querem. Os palestinos defendem, então, o estabelecimento de um único Estado israelense em toda a região, que ofereça cidadania igualitária a todos os palestinos vivendo no território. Seria um Estado secular e democrático em toda a região. Esta proposta põe em jogo a existência de um Estado judeu, mas acabaria com o apartheid e com o sofrimento dos palestinos na região. Seria um estado democrático secular como o Brasil, como os Estados Unidos, em que as minorias são respeitadas e têm direitos iguais.
G1 – Se tivéssemos uma solução de um único Estado, pode-se pensar o desenvolvimento econômico e militar israelense nas últimas décadas como algo positivo para a região?
Hijab – Não existe nenhum palestino que pense que tenha sido algo bom perder sua casa, viver sob ocupação ou no exílio, separado de suas famílias, ou ter sido atacado por tanto tempo. Nenhum palestino vai achar a independência de Israel algo positivo. Mas muitos estão dispostos a viver em paz. Os palestinos querem ter direitos e viver em situação de igualdade e em paz com os israelenses. A Palestina já era assim no passado, sob domínio britânico. Eles não querem mais conflitos, não querem acabar com Israel, mas viver em paz.
G1 – Analistas israelenses reclamam que o Estado judeu se tornou um bode expiatório da violência na região. O que a senhora acha disso?
Hijab – Claro que a região tem muitos problemas, mas acho que podemos culpar Israel por muitos dos problemas de violência. A própria independência de Israel envolveu violência, com a expulsão de palestinos que viviam na região. Este ato violento levou a uma situação caótica, criou clima para várias guerras, desestabilizou o próprio Líbano, a Jordânia, e vem massacrando os palestinos sob o domínio de Israel. Muitos dos problemas foram iniciados com o surgimento de Israel. Precisamos dizer que os palestinos também tiveram um sério problema de representação e liderança. As lideranças não conseguiram articular a questão palestina de forma a negociar uma melhora na qualidade de vida da população. Os líderes apenas aceitaram a colonização contínua por parte de Israel, ou se voltaram a uma forma de resistência que não funciona.
G1 – Pode-se falar também em “fogo amigo” quando os palestinos são defendidos pelo presidente do Irã, por exemplo, que ameaça Israel e acaba legitimando a imposição de força sobre os palestinos?
Hijab – Sim. As declarações de Mahmoud Ahmadinejad são péssimas para os palestinos. O discurso dele desculpa todas as atitudes violentas de Israel. As pessoas dão atenção ao que ele fala, e isso acaba servindo para legitimar o uso da força por parte de Israel.
G1 – O que a senhora acha que vai acontecer no futuro da relação israelense-palestina?
Hijab - Acho que podemos ter esperança quanto ao futuro. Tenho prestado muita atenção em como a mídia tem tratado os 60 anos de Israel e percebo que muito poucos veículos trataram do assunto sem abordar o "Nakba" palestino. A Palestina se tornou relevante, o que é muito diferente do que acontecia há 20 anos. Além disso, alguns israelenses já reconhecem o que Israel fez para se consolidar como Estado judeu, retirando palestinos, e eles estão tentando criar uma situação para melhorar a situação dos palestinos. É possível trabalhar juntos, e isso traz esperança.

Saúde e direitos humanos na Palestina

Saúde e direitos humanos na Palestina

Fonte: http://lancet.com/ - http://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(09)60015-5/fulltext



A Palestina é cortada geograficamente entre a Cisjordânia e a Faixa de Gaza. Gaza é o local mais populoso no
planeta: depois de ser estrangulada pelo bloqueio de suas fronteiras desde 2007, Gaza está sendo atualmente
bombardeada pelas forças armadas de Israel.1 Diferentemente de Gaza, a Cisjordânia não ameaça Israel com mísseis,
mas ainda assim sofre uma larga erosão nos direitos humanos, como nós testemunhamos em uma visita de investigação
em novembro de 2008.

Restrições de movimentos devido a "barreira de separação" e pontos de checagem, combinados com a necessidade de
obtenção de autorizações para viajar, provoca o atraso no acesso aos hospitais para pacientes e trabalhadores da
saúde. Nós testemunhamos bebês de 33 semanas aguardando por mais de 5 horas aguardando permissões até que fossem
finalmente transferidos sem seus pais, e ouvimos dos funcionários que o tempo de espera aumento de 30 minutos para
duas até cinco horas depois do fechamento dos postos de checagem. Nas faculdades de medicina nós ouvimos relatos
das imensas dificuldades dos estudantes e professores enfrentando com as paralisantes restrições de viagens entre
os territórios ocupados.

O total bloqueio em Gaza fez com que nossa entrada fosse negada, assim como vem sendo para aqueles que trabalham
com prestação de serviços humanitários e essenciais, como alimentação, energia e equipamentos médicos desde o
fechamento das fronteiras em novembro. Nós ouvimos da ONG Médicos para os Direitos Humanos, de Israel, que há uma
política para a redução de permissões para pacientes em tratamento saírem de Gaza, e a prática de negar saída para
alguns pacientes, condicionando tal autorização à colaboração com o serviço de inteligência e segurança de Israel.
Nós vimos como as oportunidades para os palestinos viverem vem sendo destruídas, tanto pelos assentamentos
israelenses ilegais em suas terras como pela discriminação contra suas indústrias.

A violência continua em todos os níveis: entrevistamos crianças na escola, feridas por pedras lanças por crianças israelenses que ocorreram sob os olhares de militares israelenses. Crianças com doze anos de idade sendo processadas em cortes militares israelenses. A acusação mais comum contra crianças palestinas nestas cortes é que tenham atirado pedras, o que, sob o regime militar, pode chegar à uma condenação de vinte anos.

Nossa experiência na Cisjordânia nos causou grande preocupação, muito mais rápido e de maneira devastante do que nós poderíamos esperar, a isto somam-se os atuais ataques desproporcionais que as Forças Armadas de Israel vem empreendendo em Gaza. Nossa perspectiva pessoal nisto inclui o ataque da Marinha Israelense contra o barco Dignidade quando este tentava levar ajuda médica em regime de emergência à Gaza e que incluía um membro de nosso grupo que já havia visitado a Palestina.

Este relatório é para nossos colegas ao redor do mundo que possam eventualmente não estar advertidos da deliberada agressão aos direitos humanos tanto na Cisjordânia como em Gaza. Nós sugerimos que, diante do fracasso de outras medidas para influenciar aqueles no poder, sejam consideradas seriamente medidas de boicote comercial e acadêmico à Israel.

Nós declaramos que não temos conflitos de interesse.

*David Worth, Su Metcalfe, John Boyd, Adrian Worrall, Paola Canarutto

dworth@doctors.org.uk
York Hospital, York YO31 8HE, UK (DW); Department of Surgery, University of Cambridge Clinical School, Addenbrookes Hospital, Cambridge, UK (SM); St George's Medical School, London, UK (JB); Royal College of Psychiatrists' Centre for Quality Improvement, London, UK (AW); and Ospedale S Giovanni Bosco, Turin, Italy (PC)

1 Falk R. Report of the Special Rapporteur on the situation of human rights in the Palestinian territories occupied by Israel since 1967. http://domino.un.org/UNISPAL.NSF/9a798adbf322aff38525617b
006d88d7/061f1f4fbdecffe
5852574d60065b4ba!OpenDocument (accessed Dec 8, 2008).

2 Physicians for Human Rights—Israel. Holding health to ransom: GSS interrogation and extortion of Palestinian patients at Erez crossing. http://www.phr.org.il/phr/files/articlefile_1217866249125.pdf (accessed
Jan 5, 2009).

3 Defence for Children International. Palestinian child political prisoners: semi annual report 2007. http://www.dci-pal.org/english/display.cfm?DocId=605&CategoryId=2 (accessed Dec 8, 2008).

4 Tran M. Israel accused of ramming Gaza aid boat. The Guardian Dec 30, 2008. http://www.guardian.co.uk/world/2008/dec/30/israel-gaza-aid-ship (accessed Jan 4, 2009).

Published Online January 9, 2009
DOI:10.1016/S0140-6736(09)60013-1
www.thelancet.com Published online January 9, 2009 DOI:10.1016/S0140-6736(09)60013-1 1

Saúde e direitos humanos na Palestina - Médicos clamam por boicote à Israel

International medical community suggests"-- in view of the failure of other measures to influence those in power, serious consideration be given to targeted academic and trade boycotts [of Israel]--" From the lancet.com Published online January 9, 2009

Health and human rights in the Palestinian West Bank and GazaPalestine is split geographically into the West Bank and the Gaza strip. Gaza is the most densely populated area on earth: after first being crippled by blockade of its borders since 2007, Gaza is currently being bombed by the Israeli armed forces.1Unlike Gaza, the West Bank does not threaten Israel with missiles, but nevertheless suffers widespread erosions of human rights which we witnessed on a fact-finding tour in November, 2008.Restriction of movement due to the separation barrier and checkpoints, combined with the need for travel permits, delay access to hospitals for both patients and health workers. We saw 33-week-old triplet delayed for over 5 h while awaiting permits and finally transferred without their parents, and heard of hospital workers' commuting times increasing from 30 min to more than 2·5 h after the closure to them of nearby checkpoints. At the medical schools we heard of the immense difficulties staff and students face as a result of the paralysing restrictions on travel between institutions in the Occupied Territories.
The total blockade of Gaza meant our entry there was denied, as it has been for humanitarian workers and essential food, energy, and medical supplies since the closure of the border in early November. We heard from Physicians for Human Rights—Israel, of the reduction in exit permits being granted for treatment outside Gaza, and of the practice of denying exit to some patients unless they collaborate with the security service in intelligence gathering. We saw how the Palestinians' opportunities to make a living are being eroded, both by illegal Israeli settlements on their farmland and by discrimination against their industry.Violence continues at all levels: we spoke with schoolchildren, injured in stone-throwing attacks by Israeli children occurring while Israeli soldiers looked on. Children as young as 12 years are prosecuted in the Israeli military courts. The most common charge against children in the military courts is for stone-throwing, which under military law carries a maximum penalty of 20 years.Our experience in the West Bank caused us grave concerns, which have been realised more rapidly and deva-statingly than any of us could have anticipated, in the current dispro-portionate attacks by Israeli forces on Gaza. Our personal insight into this includes the attack by the Israeli navy on the boat Dignity when underway to provide emergency health care to Gaza, and which was carrying a member of our tour group. This report is for our colleagues around the world who might be unaware of the deliberate erosion of human rights in both the West Bank and Gaza. We suggest that, in view of the failure of other measures to influence those in power, serious consideration be given to targeted academic and trade boycotts.We declare that we have no conflict of interest.*David Worth, Su Metcalfe, John Boyd, Adrian Worrall, Paola Canaruttodworth@doctors.org.ukYork Hospital, York YO31 8HE, UK (DW); Department of Surgery, University of Cambridge Clinical School, Addenbrookes Hospital, Cambridge, UK (SM); St George's Medical School, London, UK (JB); Royal College of Psychiatrists' Centre for Quality Improvement, London, UK (AW); and Ospedale S Giovanni Bosco, Turin, Italy (PC)1 Falk R. Report of the Special Rapporteur on the situation of human rights in the Palestinian territories occupied by Israel since 1967. http://domino.un.org/UNISPAL.NSF/9a798adbf322aff38525617b006d88d7/061f1f4fbdecffe5852574d60065b4ba!OpenDocument (accessed Dec 8, 2008).2 Physicians for Human Rights—Israel. Holding health to ransom: GSS interrogation and extortion of Palestinian patients at Erez crossing. http://www.phr.org.il/phr/files/articlefile_1217866249125.pdf (accessedJan 5, 2009).3 Defence for Children International. Palestinian child political prisoners: semi annual report 2007. http://www.dci-pal.org/english/display.cfm?DocId=605&CategoryId=2 (accessed Dec 8, 2008).4 Tran M. Israel accused of ramming Gaza aid boat. The Guardian Dec 30, 2008. http://www.guardian.co.uk/world/2008/dec/30/israel-gaza-aid-ship (accessed Jan 4, 2009).Published Online January 9, 2009DOI:10.1016/S0140-6736(09)60013-1www.thelancet.com Published online January 9, 2009 DOI:10.1016/S0140-6736(09)60013-1 1

Ex-ministra israelense apóia livro de Carter: ‘Israel pratica forma brutal de apartheid contra palestinos’

Ex-ministra israelense apóia livro de Carter: ‘Israel pratica forma brutal de apartheid contra palestinos’

Fonte: Jornal Hora do Povo - 12 de Janeiro de 2007 - http://www.horadopovo.com.br/2007/janeiro/12-01-07/pag6e.htm


A ex-ministra da Educação israelense, Shulamit Aloni, denunciou que “a perseguição do stablishment judaico-americano faz sobre o ex-presidente Jimmy Carter é por sua ousadia em falar a verdade que já é amplamente conhecida: através de seu exército, o governo de Israel pratica uma forma brutal de apartheid nos territórios ocupados”.
“Esse exército”, prossegue Aloni, “tornou cada aldeia e cidade palestina em campo de detenção cercado e bloqueado. Tudo isso é feito com a finalidade de manter o olho sobre os movimentos da população e tornar sua vida difícil. Israel chega a impor toques de recolher sempre que os colonos, que usurparam ilegalmente as terras palestinas celebram seus feriados e fazem suas paradas festivas”.
“Como se isso não bastasse, os generais no comando da região expedem ordens, regulamentações, instruções e normas como se fossem os senhores da terra. Agora estão requisitando mais terras para construer estradas ‘só para judeus’. Estradas maravilhosas, bem pavimentadas, brilhantemente iluminadas à noite – tudo em terras roubadas. Quando um palestino ousa dirigir em tais estradas, seu carro é confiscado e ele é ordenado a seguir a pé”, denunciou a ex-ministra.

Jimmy Carter e o apartheid israelense

ORIENTE MÉDIO / LUTA IDEOLÓGICA
Fonte: Le Monde Diplomatique - Setembro de 2007 - http://diplo.uol.com.br/2007-09,a1906

Jimmy Carter e o apartheid israelense
Por ter denunciado as condições desumanas impostas à população palestina e a desapropriação de suas terras por colonos judeus, o ex-presidente norte-americano foi acusado de anti-semitismo e tornou-se alvo de uma cruzada da extrema-direita
Mariano Aguirre

“Como é possível que esse homem tenha se tornado presidente dos Estados Unidos?” — New York Post no editorial de 15 de janeiro de 2007. Todo leitor, por pouco informado que seja, pensa que o jornal do grupo Robert Murdoch esteja acertando contas com George W. Bush. Mas não é disso que se trata. “Presidente fracassado, tornou-se um amigo dos tiranos da esquerda, inimigo global de todos os interesses legítimos da América”, prossegue o jornal. Quem é esse presidente, “conselheiro de relações públicas de Yasser Arafat”, que “demoniza Israel”, e que, além disso, “desculpa execuções em massa”? A resposta: Jimmy Carter. “Ele passou do limite”, inflama-se o New York Post, pedindo ao Partido Democrata que reaja a tudo o que o ex-inquilino da Casa Branca possa declarar.
O que terá feito o ex-presidente (1977-1981) para merecer tal tratamento? Escreveu um livro: Palestina. Paz, sim. Apartheid, não. [1] , afirma que, se a repressão continuar em Gaza e na Cisjordânia, se Israel não consentir em negociar a existência de um Estado palestino, poderemos chegar a uma situação semelhante à do apartheid sul-africano: “dois povos habitando a mesma terra, mas completamente separados um do outro, com os israelenses ocupando a posição dominante e privando os palestinos, de forma repressiva e violenta, de seus direitos fundamentais”. Em resposta, a Liga Antidifamação mandou publicar anúncios em diversos jornais, acusando-o de anti-semitismo.
Carter respondeu , deixando claro que estava se referindo ao impacto da situação na Palestina, e não na democracia israelense. A comparação, a despeito disso, provocou duras reações de parte da comunidade judaica norte-americana que, a exemplo da Liga Antidifamação, rotula toda crítica à política israelense como anti-semitismo. O efeito foi imediato: o Partido Democrata acatou os conselhos do New York Post. Tanto Howard Dean, presidente do partido, quanto Nancy Pelosi, sua líder no Congresso, distanciaram-se de Carter. Decisão incômoda, pois, em período eleitoral, obrigou-os a assumir publicamente uma posição diante do conflito israelense-palestino.
Os leitores não pensam da mesma maneira: vários meses após a sua publicação, o livro continua a fazer bastante sucesso. Analista político, judeu norte-americano e diretor do US Middle East Project, Henry Siegman estima que se trata de uma obra normal e sem grandes novidades, e que o pânico que provocou “revela a ignorância do sistema político norte-americano, tanto entre os democratas, quanto entre os republicanos, sobre o conflito israelense-palestino » [2].
Carter, que aproximou as posições de Israel e do Egito quanto à retirada das forças israelenses da península do Sinai, de forma a possibilitar a assinatura do Acordo de Camp David (1979), fala, no livro, de suas recordações de viagem e contatos com os dirigentes da região, há 30 anos. Discorrendo didaticamente sobre o conflito, faz uma compilação equilibrada das propostas de paz existentes, levando em conta a necessidade de um Estado para cada uma das duas comunidades, e de garantias de segurança suficientes para Israel. Para quem o lê sem preconceitos, o livro critica a política israelense, mas não é hostil ao país, contrariamente ao que seus detratores querem demonstrar.
Enquanto a repressão israelense continuar, haverá terrorismo, afiança Carter, na contramão da “guerra ao terror” de Bush. Ressalta igualmente que “a colonização e o controle contínuos das terras palestinas por parte de Israel foram os principais obstáculos para a obtenção de um amplo acordo de paz na Terra Santa”. Sem deixar de condenar o terrorismo palestino – o que não é suficiente para Ethan Bronner, um crítico do New York Times [3]–, o ex-presidente acrescenta que, desde o acordo de Camp David, os governos israelenses foram os principais obstrutores do processo de paz. Lembra, com efeito, que o primeiro-ministro israelense, Menahem Begin, foi o primeiro a recusar a aplicação de algumas das disposições do acordo, tais como o respeito às resoluções 242 e 338 da ONU, que proibia a apropriação do território por meio da força, solicitando a retirada israelense da Cisjordânia e de Gaza e “o reconhecimento do povo palestino enquanto entidade política diferente e com direito de determinar seu futuro". Além disso, ele concorda com as teses segundo as quais, durante a conferência de Camp David de julho de 2001, entre o presidente dos Estados Unidos Bill Clinton, o primeiro-ministro israelense Ehud Barak e o líder palestino Yasser Arafat, não teriam sido feitas propostas concretas a Arafat sobre a construção de um Estado palestino. Seria, portanto, falso afirmar que o presidente palestino impediu as negociações, tendo assim desperdiçado uma grande oportunidade. Por ter desenvolvido tal hipótese, Carter foi repreendido por Denis Ross, o emissário especial de Clinton para o Oriente Médio [4]. No entanto, tal hipótese é defendida por outros especialistas [5]
“Há um incômodo generalizado no mundo árabe e na Europa, que, porém, não é sentido nos Estados Unidos, a respeito da ausência de consideração por nosso governo do sofrimento palestino”, diz Carter. “E não é preciso ser contra Israel para, no entanto, proteger o direito dos palestinos de viver em seu próprio território e em paz, sem estarem sujeitos à ocupação por uma potência” [6]. Comum na Europa e no mundo árabe, esse tipo de afirmação é de fato menos freqüente nos Estados Unidos.
O ex-presidente menciona, ainda, que o governo de George W. Bush abandonou os palestinos à sua triste sorte, e lembra que Israel bloqueia as possibilidades de um acordo. A recusa dos governos Bush e Olmert em negociar com o governo de coalizão palestina (Fatah e Hamas), em março de 2007, confirmou dramaticamente essa realidade. Violentamente atacado por sua referência ao apartheid, Carter reafirmou sua posição declarando: “A alternativa à paz é o apartheid, não dentro de Israel, repito, mas na Cisjordânia, em Gaza e em Jerusalém Oriental, territórios palestinos. É nesta zona que o apartheid existe sob sua forma mais desprezível, os palestinos são privados de seus direitos humanos mais fundamentais” [7]. Em face desse fato, Carter insiste sobre as três condições necessárias para conquistar a paz na região: garantias para a segurança do Estado de Israel, fim da violência dos palestinos, e reconhecimento, por parte de Israel, do direito desses últimos disporem de um Estado nas fronteiras anteriores a 1967.
Carter chegou a dizer que a vida pode ser “mais opressiva” para os palestinos da Cisjordânia do que era para a população negra sul-africana. Em termos econômicos, Israel depende, cada vez menos, da força de trabalho palestina, em razão dos fluxos migratórios vindos de outros países; a ocupação de Gaza e da Cisjordânia mobiliza muito mais efetivos de segurança que os requeridos pelo regime sul-africano; os colonos israelenses ocuparam a terra palestina e, para tornar sua vida e sua infra-estrutura seguras, o Estado israelense faz uso de um sofisticado sistema de controle dos palestinos.
Em um longo artigo, Joseph Lelyveld, até pouco tempo atrás diretor executivo do New York Times e ex-correspondente na África do Sul, considera que Carter empregou de modo restrito o conceito de apartheid ao aplicá-lo ao problema israelense-palestino, pois ele o limita à separação entre israelenses e palestinos e ao confisco das terras por parte de Israel. Para ele, no entanto, o problema é muito mais grave e as semelhanças entre o apartheid e o sistema israelenses são ainda mais numerosas. Comparando as duas situações, Lelyveld ressalta que, proporcionalmente, Israel apropriou-se da mesma quantidade de territórios que o regime racista da África do Sul. Durante o apartheid, havia um sistema extremamente complexo de permissões para regular os deslocamentos dos indivíduos, de acordo com seu estatuto legal, como impõe, hoje em dia, Israel, por meio de um regime similar, para classificar e limitar o deslocamento dos palestinos.
O correspondente do jornal britânico The Guardian em Israel, Chris McGreal, acrescenta: “Há poucos lugares no mundo onde os governos constroem uma série de leis sobre as nacionalidades e as residências, concebidas para serem utilizadas por uma parte da população contra a outra.A África do Sul do apartheid foi um deles. Israel é outro” [8] O jornalista fala com conhecimento de causa, pois também foi correspondente do The Guardian, durante dez anos, na África do Sul. As comparações que estabelece entre os aspectos da dominação israelense sobre os palestinos e os do apartheid sul-africano confirmam as semelhanças, não apenas das formas de opressão, como também do sofrimento infligido.
Os serviços públicos oferecidos pelo município de Jerusalém, por exemplo, são freqüentemente melhores para os israelenses do que para os palestinos que vivem na parte anexa à cidade. Pouco após a publicação, em The Guardian, dos artigos expondo as comparações e as estreitas relações militares que existiam entre o regime do apartheid e Israel, o Committe for the Accurancy in Middle East Report in America (Camera) acusou Chris McGreal de mentir e de falsificar fatos para deslegitimar Israel [9]
Na realidade, a acusação que pesa sobre Tel Aviv, de aplicar um sistema similar ao do apartheid, é cada vez mais freqüente dentro da própria sociedade israelense. Para os críticos do governo – tais como o corajoso advogado Daniel Seidemann, que defende os palestinos há anos, apoiando-se nas leis israelenses – e para as organizações de defesa dos direitos humanos, trata-se de um fato. Vários autores compararam os dois regimes – o apartheid sul-africano e a ocupação israelense dos territórios palestinos. A fundação social-democrata alemã Friedrich Ebert, por exemplo, publicou três estudos sobre o processo de negociação e de transição sul-africana e sobre os ensinamentos que poderiam ser tirados para conquistar um processo de paz entre Israel e Palestina [10].
A exclusão dos palestinos iniciou-se em 1948, com a expulsão de 750.000 pessoas. Essa política continua, mediante diversas formas de pressão, para forçá-los a abandonar sua luta por um Estado, partir ou aceitar viver em zonas distantes, submetidos à condição de cidadãos de segunda classe (de acordo com essa interpretação, a retirada israelense de Gaza foi uma forma de prisão para a população local). Em um livro bastante documentado, Ilan Pappe descreve as formas repressivas institucionalizadas que seu país utilizou para transferir a população palestina e submetê-la a um estatuto de cidadania de segunda classe. Indo bem mais longe do que o ex-presidente Carter, Pappe considera que, se “limpeza étnica” significa “a expulsão pela força de uma região ou território particular com o intuito de homogeneizar uma população etnicamente mista”, e se “a intenção dessa expulsão é a de provocar o êxodo de uma grande maioria de residentes, colocando todos os meios à disposição daquele que expulsa”, então Israel praticou tal procedimento durante seis décadas [11]
Situação destrutiva para os palestinos, mas igualmente para a sociedade israelense. Um artigo da revista judaica Tiddun, publicada nos Estados Unidos, afirma que os ideais do sionismo – criar um Estado que fornecesse refúgio à comunidade judaica no mundo e que constituísse modelo de liberdade – foram frustrados. “O sonho sionista tornou-se um pesadelo”, declara Jerome Slater. “Por um lado porque não há lugar mais perigoso para os israelenses do que Israel, e, por outro, em razão do ‘pecado original’, de ter desprovido os palestinos de sua terra” [12].
As mesmas críticas feitas por Carter em relação a Israel e aos Estados Unidos encontram-se, de forma mais detalhada, no recente livro do norte-americano de origem palestina Rashid Khalidi, igualmente vítima de ataques sistemáticos desde que a Universidade de Columbia atribuiu-lhe, em 2003, a cátedra de Edward Said e a direção do Instituto de Estudos sobre o Oriente Médio [13]. Em suas últimas obras, Khalidi descreve a relação existente entre a concepção imperialista das relações norte-americanas com o Oriente Médio e a maneira pela qual Tel Aviv e Washington impedem a formação de um Estado palestino [14]. O New York Post, que o acusou de anti-semitismo em 2004, insinuou igualmente que a cátedra de Edward Said era financiada por certos governos árabes.
A pressão , da qual Khalidi é vítima, tornou-se uma prática freqüente nos campus universitários dos Estados Unidos. Diversas organizações, entre as quais algumas de estudantes, são encarregadas de pesquisar sobre tudo o que dizem e fazem os professores qualificados como “anti-semitas”, e fazer filmes acusando-os e denunciando-os. A organização David Project Center for Jewish Leadership, de Boston, realizou um filme, em 2004, sobre as supostas pressões acadêmicas e políticas dos professores Joseph Massal e George Saliba, da Universidade de Columbia, contra estudantes judeus [15]. Em seu site na internet, encontra-se uma seleção de mais de 30 artigos criticando o livro de Carter [16]. Há, igualmente, grupos e sites da web encarregados de analisar o trabalho de organizações de defesa dos direitos humanos e de fundações norte-americanas, para denunciar o que consideram como políticas anti-semitas ou de apoio econômico a organizações palestinas.
Acusando Khalidi de “não ser objetivo” [17], Campus Watch organizou, por sua vez, uma denúncia sistemática das supostas declarações contra Israel e os Estados Unidos nas salas de aula. Em uma página na web, criada pelo antiislamista de extrema direita Daniel Pipes, os estudantes são estimulados a fornecer informações sobre os professores [18]. A tensão em torno dos professores críticos em relação a Tel Aviv aumentou, no ano passado, quando dois acadêmicos liberais de prestígio, especialistas em relações internacionais, publicaram um ensaio ressaltando que os “grupos de pressão judeus” nos Estados Unidos dominavam, em grande medida, a política externa americana no Oriente Médio e que a guerra do Iraque não teria sido possível sem o clima criado por eles [19]. A reação foi bastante dura.
Alguns meses mais tarde, o acadêmico britânico de origem juda ica Tony Judt, diretor do Instituto Remarque da Universidade de Nova York, dedicado a estudos europeus, foi igualmente vítima de uma campanha, por suas supostas idéias “anti-semitas”. Ele havia sustentado que a única solução para o conflito do Oriente Médio seria a existência de um Estado israelense-palestino, integrando as duas nações [20]. Como em sua juventude Judt manteve posições pró-israelenses, , hoje em dia, ele é considerado traidor. Em outubro de 2006, a Liga Antidifamação pressionou o consulado polonês em Nova York para que fosse anulada uma conferência que ele deveria pronunciar nesse país. A anulação iniciou uma áspera polêmica. No entanto, Judt pôde ressaltar que o futuro de Israel estaria comprometido se esse país continuasse com sua política de ocupação repressiva na palestina. Ele o fez em um jornal liberal israelense [21].
traduções deste texto >> English — Shooting the messengers français — Israël, l'antisémitisme et l'ex-président James (...) فارسى — اسرائيل، يهودستيزي و جيمز کارتر
[1] Jimmy Carter. Palestina. Paz, sim. Apartheid, não. Lisboa, Editora QuidNovi, 2007.
[2] Henry Siegman, “ Hurricane Carter ”, The Nation, 22 de janeiro de 2007.
[3] Ethan Bronner, “Jews, Arabs and Jimmy Carter”, The New York Times, 7 de janeiro de 2007.
[4] Dennis Ross, “Don’t play with maps”, The New York Times, 9 de janeiro de 2007.
[5] Ver Hussein Agha e Robert Malley, “Camp David: the Tragedy of Errors”, New York Review of Books, 9 de agosto de 2001. Tanya Reinhart, “Israel-Palestina. How to End the War of 1948”, Seven Stories Press, Nova York, 2002. E Alain Gresh, “Uma paz despedaçada?”, Le monde diplomatique -Brasil, julho de 2002.
[6] Entrevista com Amy Goodman e James Carter no programa Democracy Now!, 30 de novembro de 2006.
[7] Idem.
[8] Chris McGreal, “Worlds Apart”, The Guardian, 6 de fevereiro de 2006.
[9] Câmera, 20 de fevereiro de 2006.
[10] Yair Hirschfeld, Avivit Hai, Gary Susman, Learning from South Africa. Lessons to the Israeli-Palestinian Case. Israel, Friedrich Ebert Stiftung e Economic Cooperation Foundation, 2003.
[11] Ilan Pappe, The ethnic cleansing of Palestina, Oxford, Oneworld Publications, 2006.
[12] Jerome Slater, “The need to know” (resenha do livro de Tanya Reinhart, The road map to nowhere), Tikkun , janeiro de 2007. Essa revista publicou igualmente uma entrevista com Carter: “Current Thinking”, janeiro de 2007.
[13] Rashid Khalidi, The iron cage: the story of the Palestinian struggle for statehood, Boston, Beacon Press, 2006.
[14] Rashid Khalidi, Resurrecting Empire, Boston, Beacon Press, 2004.
[15] “Mideast tensions are getting personal on campus at Columbia”, The New York Times, 18 de janeiro de 2005.
[16] Leia mais
[17] Philip Kennicott, “The knowledge that doesn’t power”, The Washington Post, 13 de maio 2004.
[18] Leia mais
[19] John Mearsheimer e Stephen Walt, “The Israeli lobby”, The London Review of Books, 23 de março de 2006.
[20] Tony Judt, “ Israel : the alternative ”, The New York Review of Books, 23 de outubro de 2003.
[21] . Tony Judt, “The country that wouldn’t grow up”, Haaretz, 18 de dezembro de 2006.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Livni diz que árabes-israelenses deveriam viver no futuro Estado palestino

Livni diz que árabes-israelenses deveriam viver no futuro Estado palestino
Jerusalém, 11 dez (EFE) - A ministra de Exteriores israelense e chefe do governante partido Kadima, Tzipi Livni, afirmou hoje que a criação de um Estado palestino deveria servir como "solução nacional" aos cidadãos israelenses de origem árabe.
"Quando for criado o Estado palestino, poderei me dirigir aos cidadãos palestinos - que chamamos árabes-israelenses- e dizer-lhes: São moradores com os mesmos direitos, mas sua solução nacional está em outro lugar", afirmou Livni em visita a um colégio de ensino médio de Tel Aviv. E acrescentou em declarações transmitidas pela emissora do Exército israelense: "O princípio é a criação de dois Estados para dois povos (...). Este é meu caminho para um estado democrático". No último ano, Livni atuou como chefe da equipe negociadora israelense nas conversas de paz com a Autoridade Nacional Palestina (ANP), mas até o momento não fez comentários sobre os assuntos em discussão.
No entanto, não é a primeira vez que se refere nestes termos ao futuro dos árabes de cidadania israelense e que representam em torno de 20% da população do país, uma vez que for criado um Estado palestino.Em novembro, Livni recebeu muitas críticas por parte de deputados árabes do Parlamento israelense (Knesset) quando disse: "Deve ficar claro a todo mundo que o Estado de Israel é o lar nacional do povo judeu". A chefe da diplomacia israelense concorre às eleições gerais que serão realizadas em Israel no dia 10 de fevereiro, depois do líder do direitista Likud, Benjamin Netanyahu.

Transferência ou Expulsão?

In an interview Wednesday with the Israel's Knesset TV channel, controversial Likud figure Moshe Feiglin said Israel should formally annex the West Bank and pay each Palestinian family $250,000 to move away. "They want to emigrate," he said. "There are certainly countries who want to take them in," he said. Feiglin won the number 20 seat in this week's Likud primary (...)
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Em uma entrevista quarta-feira ao canal de televisão do parlamento (Knesset) da entidade sionista, o controverso membro do Likud (partido de "extrema-direita" [até onde é possível ser mais direita]) Moshe Feiglin diz que Israel deveria formalmente anexar a Cisjordânia e pagar para cada família palestina 250.000 novos shekels israelenses (o equivalente à aproximadamente 159.000 reais) para eles saírem do caminho. "Eles querem emigrar," ele disse. "Certamente existem países que querem pegá-los", ele disse. Feiglin ganhou o acento número 20 nas eleições primárias desta semana do partido (Likud). (...)
Cinco anos atrás, ele disse, em um manifesto publicado no site do partido (corrente Movimento da Liderança Judaica) que Israel deveria cortar a energia elétrica e água dos territórios palestinos, assim como cessar completamente o fornecimento de fundos, mercadorias e comunicação com a ANP. Ele ainda disse que "Não há um povo palestino e nem deve haver um Estado Palestino. Deveríamos oferecê-los direitos humanos sem direitos civis assim que eles provarem a lealdade ao Estado Judeu e aceitar a soberania Judia sobre suas terras."http://www.haaretz.com/hasen/spages/1045106.html

Apartheid pior que na África do Sul

Israel 2007: Pior que o Apartheid na África do Sul
Ronnie Kasrils is a South African politician of Lithuanian-Latvian Jewish descent.

Travelling into Palestine’s West Bank and Gaza Strip, which I visited recently, is like a surreal trip back into an apartheid state of emergency. It is chilling to pass through the myriad checkpoints – more than 500 in the West Bank. They are controlled by heavily armed soldiers, youthful but grim, tensely watching every movement, fingers on the trigger. Fortunately for me, travelling in a South African embassy vehicle with official documents and escort, the delays were brief. Sweeping past the lines of Palestinians on foot or in taxis was like a view of the silent, depressed pass-office queues of South Africa’s past. A journey from one West Bank town to another that could take 20 minutes by car now takes seven hours for Palestinians, with manifold indignities at the hands of teenage soldiers.
My friend, peace activist Terry Boullata, has virtually given up her teaching job. The monstrous apartheid wall cuts off her East Jerusalem house from her school, which was once across the road, and now takes an hour’s journey. Yet she is better off than the farmers of Qalqilya, whose once prosperous agricultural town is totally surrounded by the wall and economically wasted. There is only one gated entry point. The key is with the occupation soldiers. Often they are not even there to let anyone in or out.
Bethlehem too is totally enclosed by the wall, with two gated entry points. The Israelis have added insult to injury by plastering the entrances with giant scenic posters welcoming tourists to Christ’s birthplace. The “security barrier”, as the Israeli’s term it, is designed to crush the human spirit as much as to enclose the Palestinians in ghettoes. Like a reptile, it transforms its shape and cuts across agricultural lands as a steel-and-wire barrier, with watchtowers, ditches, patrol roads and alarm systems. It will be 700km long and, at a height of 8m to 9m in places, dwarfs the Berlin Wall.
The purpose of the barrier becomes clearest in open country. Its route cuts huge swathes into the West Bank to incorporate into Israel the illegal Jewish settlements – some of which are huge towns – and annexes more and more Palestinian territory. The Israelis claim the purpose of the wall is purely to keep out terrorists. If that were the case, the Palestinians argue, why has it not been built along the 1967 Green Line border? One can only agree with the observation of Minister in the Presidency Essop Pahad, who has stated: “It has become abundantly clear that the wall and checkpoints are principally aimed at advancing the safety, convenience and comfort of settlers.”
The West Bank, once 22% of historic Palestine, has shrunk to perhaps 10% to 12% of living space for its inhabitants, and is split into several fragments, including the fertile Jordan Valley, which is a security preserve for Jewish settlers and the Israeli Defence Force. Like the Gaza Strip, the West Bank is effectively a hermetically sealed prison. It is shocking to discover that certain roads are barred to Palestinians and reserved for Jewish settlers. I try in vain to recall anything quite as obscene in apartheid South Africa.
Gaza provides a desolate landscape of poverty, grime and bombed-out structures. Incon- gruously, we are able to host South Africa’s Freedom Day reception in a restaurant overlooking the splendid harbour and beach. Gunfire rattles up and down the street, briefly interrupting our proceedings, as some militia or other celebrates news of the recovery from hospital of a wounded comrade. Idle fishing boats bob in long lines in the harbour, for times are bad. They are confined by Israel to 3km of the coast and fishing is consequently unproductive. Yet, somehow, the guests are provided with a good feast in best Palestinian tradition.
South Africa’s stated position is clear. The immediate demands are recognition of the government of national unity, the lifting of economic sanctions and blockade of the Palestinian territories, an end to the 40-year-old military occupation and resumption of negotiations for a two-state solution.

Israel em 2007: Apartheid pior que na África do Sul
Ronnie Kasrils é um político sul-africano, de ascendência de judeus da Lituânia

Viajar para a Palestina, seja na Cisjordânia ou na Faixa de Gaza, que visitei recentemente, é como uma viagem surreal de volta à um Estado de Apartheid em estado de exceção. É terrível passar por uma miríade de pontos de checagem - mais de 500 na Cisjordânia. Eles são controlados por soldados com armamento pesado, jovens mas sérios, observando tensamente cada movimento, com dedos no gatilho. Felizmente para mim, viajar em um veículo oficial da embaixada da África do Sul, com documentos oficiais e escolta, ajudou-me a passar pelas filas deprimentes do passado sul-africano. Uma viagem entre uma cidade da Cisjordânia para outra, o que poderia levar vinte minutos de carro, agora toma sete horas de um palestino, com muitas indignidades cometidas pelas mãos de soldados israelenses ainda adolescentes.
Minha amiga, uma pacifista chamada Terry Boullata, virtualmente desistiu de seu emprego de professora. O monstruoso muro de apartheid que corta sua cidade, Jerusalem, rasgando sua casa até a escola, que apenas era separada por uma estrada, agora leva horas de viagem. No entanto, ela tem ainda melhores condições que os agricultores de Qalqilya, uma antes próspera cidade agrícola, agora totalmente cercada pelo muro e economicamente destruída. Só há um ponto de entrada. A chave está com os soldados da força de ocupação. Algumas vezes eles nem ficam lá para permitir que alguém entre ou saia.
Belém também está totalmente cercada pelo muro, com dois pontos de entrada. Os israelenses adicionaram um elemento de insulto, colocando nas entradas, cartazes gigantes dando boas-vindas aos turistas que adentram no local de nascimento de Jesus Cristo. A "barreira de segurança", como Israel chama, foi designada para esmagar o espírito humano assim como para trancafiar os palestinos em guetos. Como um réptil, ele se transfoma, molda-se e corta terras de camponeses, com cercas de arame farpado, torres de vigilância, sistemas de alarme, estradas para patrulha e trincheiras. Este muro terá setecentos quilômetros de extensão e entre oito e nove metros de altura, fazendo do Muro de Berlim um anão.
O propósito desta barreira se evidencia no centro do país. Sua rota corta vastas áreas da Cisjordânia, para incorporá-las nos assentamentos judeus de Israel, ilegais, muitos deles grandes cidades, e anexar cada vez mais território palestino. Israel diz que o propósito é puramente afastar terroristas. Se este fosse o caso, por que não construí-lo na Linha Verde estabelecida como fronteiras de um armísticio em 1967? Qualquer um concorda com o ponto levantado pelo Ministro na Presidência Essop Pahad, que disse que "Fica evidentemente claro que o muro e os pontos de checagem são feitos com o objetivo principal de garantir segurança, conveniência e conforto para os colonos judeu-israelenses."
A Cisjordânia, hoje apenas 22% da Palestina histórica, encolheu para, talvez, 10% ou 12% de espaço e foi dividida em pequenas áreas fragmentadas, incluindo o Vale do Jordão, cuja segurança preserva colonos judeus e as Forças Armadas de Israel. Como a Faixa de Gaza, a Cisjordânia é efetivamente uma prisão hermeticamente fechada. Eu tento, em vão, relembrar de algo tão parecido e obsceno como o apartheid na África do Sul.
Gaza confere uma desoladora imagem de pobreza e destruição. De modo incongruente, nós fomos recebidos em uma festa para comemorar o dia da Liberdade da África do Sul em um restaurante com uma esplêndida vista para o mar. Às vezes, nossa reunião era interrompida por tiros de arma comemorando a recuperação de um companheiro ferido, em um hospital. Barcos pesqueiros não são permitidos a se afastarem. Eles são confinados, por Israel, à três quilômetros da praia, o que é improdutivo. Ainda assim, não sei como, os convidados são recebidos com grandes festas no melhor estilo palestino.
(...)
A posição do governo Sul Africano é clara [para a Palestina e Israel]. A imediata demanda por reconhecimento de um governo de unidade nacional, com o fim das sanções e bloqueio econômico dos territórios palestinos, terminando com quarenta anos de antiga ocupação militar e resumindo com uma solução de dois Estados. (...)

Fonte / Source: If Americans Knew - http://www.ifamericansknew.org/cur_sit/israelworse.html

Israel proíbe partidos árabe-israelenses de concorrerem nas próximas eleições

13/01/2009
Israel bans Arab parties from running in upcoming elections
By The Associated Press - http://www.haaretz.com/hasen/spages/1054867.html
The Central Elections Committee on Monday banned Arab political parties from running in next month's parliamentary elections, drawing accusations of racism by an Arab lawmaker who said he would challenge the decision in the country's Supreme Court. The ruling, made by the body that oversees the elections, reflected the heightened tensions between Israel's Jewish majority and Arab minority caused by Israel's offensive in the Gaza Strip. Israeli Arabs have held a series of demonstrations against the offensive. Knesset spokesman Giora Pordes said the election committee voted overwhelmingly in favor of the motion, accusing the country's Arab parties of incitement, supporting terrorist groups and refusing to recognize Israel's right to exist. Arab lawmakers have traveled to countries listed among Israel's staunchest enemies, including Lebanon and Syria.
The 37-member committee is composed of representatives from Israel's major political parties. The measure was proposed by two ultranationalist parties but received widespread support. The decision does not affect Arab lawmakers in predominantly Jewish parties or the country's communist party, which has a mixed list of Arab and Jewish candidates. Roughly one-fifth of Israel's 7 million citizens are Arabs, and enjoy full citizenship rights. Arab lawmakers Ahmed Tibi and Jamal Zahalka, political rivals who head the two Arab blocs in the Knesset, joined together in condemning Monday's decision. "It was a political trial led by a group of Fascists and racists who are willing to see the Knesset without Arabs and want to see the country without Arabs," said Tibi. Together, the Arab lists hold seven of the 120 seats in the Knesset. Tibi said he would appeal to the high court, while Zahalka said his party was still deciding how to proceed. Pordes remarked that the last time a party was banned it was the late Rabbi Meir Kahane's Kach Party, a list from the 1980s that advocated the expulsion of Arabs from Israel.
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O Comitê Central Eleitoral nesta segunda (12/01/2009) baniu os partidos políticos árabes de participarem das eleições parlamentares no próximo mês, sob a acusação de racismo por parte de parlamentares árabes-israelenses, estes disseram que irão recorrer à Suprema Corte.
A regra, estabelecida pelo corpo que supervisiona as eleiÇões, reflete o aumento de tensões entre a maioria judaico-israelense e a minoria árabe-israelense depois da ofensiva na Faixa de Gaza. Árabes-Israelenses participaram de várias demonstrações contra a ofensiva.
O porta-voz do Parlamento (Knesset) Giora Pordes disse que o Comitê aprovou por esmagadora maioria a decisão, acusando os partidos árabes-israelenses de incitarem e apoiarem grupos terroristas que se recusam a reconhecer o direito de existência de Israel. Os parlamentares árabe-israelenses viajaram por vários países considerados como os maiores inimigos de Israel, incluindo Líbano e Síria.
O Comitê de 37 membros é composto de representantes dos maiores partidos políticos de Israel. A medida foi proposta por dois partidos ultranacionalistas mas receberam vasto apoio.
A decisão não afeta os parlamentares árabes-israelenses em partidos predominantemente judeus ou o partido comunista do país, que possui uma lista miscigenada de candidatos Árabes e Judeus. Aproximadamente um quinto da população de 7 milhões de pessoas são cidadãos de origens árabes, mas que gozam de cidadania israelense.
Os parlamentares árabes-israelenses Ahmed Tibi e Jamal Zahalka, rivais políticos que lideram o bloco árabe no Parlamento, se juntaram para condenar a decisão.
"Foi uma decisão política implementada por um grupo de fascistas e racistas que querem um Parlamento sem árabes e querem ver o país sem árabes." Disse A. Tibi.
Juntos, os árabes-israelenses possuem sete assentos de um total de cento e vinte no parlamento. A. Tibi disse que irá apelar à Suprema Corte, enquanto J. Zahalka disse que o partido ainda está decidindo sobre como agir.
G. Pordes relembrou que a última vez que um partido político foi banido foi sob iniciativa de Rabbi Meir Kahane, o Partido Kach, quem nos anos 1980s advogou a expulsão dos árabes-israelenses de Israel.

Um dia nós vamos expulsar vocês de Israel

Um dia nós vamos expulsar vocês de Israel

Foi esta frase usada por Effie Eitam, parlamentar judeu-israelense do Partido União Nacional aos parlamentares árabes-israelenses no Knesset.

Tradução livre do jornal israelense http://www.haaretz.com/hasen/spages/961199.html

África do Sul aumenta os níveis de racismo

Haaretz

África do Sul aumenta os níveis de racismo

Por Yuval Yoaz e Jack Khoury - http://www.haaretz.com/hasen/spages/932384.html [Inglês]Racismo contra cidadãos negros com cidadania sul-africana aumentaram no último ano, com 26% de aumento nos incidentes anti-negros, de acordo com a Associação para Direitos Civis em seu relatório anual. O autor, Sami Michael, presidente da instituição, disse que o racismo está em níveis tão altos que prejudica a liberdade civil na África do Sul. O número de cidadãos brancos expressando ódio aos negros dobrou. De acordo com o relatório de junho de 2007, do Instituto de Democracia na África do Sul, apenas metade de brancos acreditam que os negros devem ter plena igualdade de direitos. Entre os brancos, 55% apóia a idéia de que o Estado deveria encorajar a emigração dos negros, enquanto 78% se opõe a idéia de negros participarem de partidos políticos no governo. De acordo com a Universidade de Haifa, 74% dos jovens brancos pensam que os negros são "sujos".

Troque África do Sul por Israel, Negros por Árabes, Brancos por Judeus-Israelenses.



Professor Avi Shlaim (Judeu-Israelense, da Universidade de Oxford) declarou em Londres recentemente (novembro de 2008) que os "assentamentos tornaram Israel em um Estado que pratica Apartheid" (Settlements turned Israel into apartheid state)http://www.haaretz.com/hasen/spages/1039411.html

sábado, 10 de janeiro de 2009

Fonte: Haaretz
Tamara Traubmann, correspondente do Haaretz (Tradução livre)
Somente 16 estudantes árabes foram aceitos este ano para a escola de medicina na Universidade Hebraica, comparado com 55 em 2005, uma queda de 70%. A turma costuma ter 100 estudantes.A razão aparente é a mudança no sistema de ingresso, que agora passa por entrevistas individuais e uma etapa que implica em interpretação.O deputado Ahmed Tibi (Partido Árabe Unido) no parlamento de Israel, ele próprio graduado nesta instituição, declarou que o novo sistema é culturalmente dependente e se baseia em critérios estritamente compreensíveis para judeus ortodoxos, ignorando "aqueles com culturas e valores diferentes dos examinadores".A Universidade declarou que o novo sistema busca "desenvolver a composição dos estudantes que são aceitos" (seja lá o que isto venha a significar!).O novo método, além da matrículo e exames psicológicos e entrevistas pessoais, inclui uma longa sessão que examina a biografia do candidato e sua habilidade de lidar com situações estimuladas e dilemas morais enfrentados pelos médicos.O objetivo é "aceitar não apenas estudantes com boas notas, mas que possuam as características pessoais e psicológicas necessárias para futuros médicos", afirmou a Universidade.Sistema similar de ingresso foi adotado há dois anos na Universidade de Tel-Aviv e o Instituto Técnico de Israel, em Haifa, pretende adotar o novo modelo ainda este ano.Ahmed Abdel-Hadi, de Jaljuliya iniciou seus estudos em Amman este ano, suas notas permitiriam que fosse aceito em Jerusalém, mas com o novo sistema, ele foi reprovado."As questões são formuladas para estudantes judeus. Eles questionam sobre problemas morais e como resolvê-los. Claramente, um judeu que tenha servido ao exército terá algo a dizer, mas nís, estudantes egressos do ensino médio, não sabemos nada sobre dilemas morais." - ele falou em entrevista da Jordânia.

Há um novo dilema moral para o regime de apartheid promovido pela etnocracia de Israel: árabes não podem servir às Forças Armadas e, deste modo, sofrem uma série de restrições que incluem a proibição de se obter empréstimos bancários ou ocupar cargos de funcionários públicos e agora serão impedidos de acessar a Universidade.A Universidade Hebraica, em resposta, afirmou que os estudantes árabes falham por não terem maturidade emocional suficiente para o estágio de suas vidas.O presidente da União de Estudantes Árabes em Israel, Fadi Abu Yunes, acredita que é um novo mecanismo de filtrar e impedir o ingresso de estudantes árabes."É uma agenda política que vem sendo inserida via academia", ele disse.

Entrevista com Nathaniel Braia, brasileiro-israelense.

Entrevista com Nathaniel Braia Judeu brasileiro, redator para questões internacionais do jornal Hora do Povo, sempre estudou em colégio judaico, e participa de movimentos ligados ao sionismo desde os oito anos de idade, foi viver em Israel aos dezoito anos. Sobre suas experiências no país, escreveu o livro “O Apartheid de Israel”. Nesse link, há uma entrevista com o autor:http://alfaomega.com.br/apartheid.php


Alguns trechos:


P: Qual foi o fator decisivo que o fez começar a compreender o que realmente acontecia entre o povo palestino e o Estado de Israel?


Nathaniel: Para mim foi um choque descer em Haifa e a partir daí percorrer Israel e ver o clima de racismo, segregação e desrespeito aos árabes palestinos no dia-a-dia daquele país. Como brasileiro havia tido uma vida acostumada à convivência entre brasileiros de diversas origens e, apesar de conviver com resquícios do racismo que existe no Brasil, nada se comparava à agressividade degenerada que eu passei a assistir e a repudiar em Israel, dos judeus contaminados pelo ódio, instilado pela mídia e pelos dirigentes locais, contra os árabes em geral e os palestinos em particular. Detalhe: no período em que vivi em Israel, tanto a mídia escrita, como falada e pela TV, nunca aparecia o nome palestino. Esse povo oprimido e despossuído era então tratado pelos israelenses apenas como “os terroristas”. Foi então que comecei a questionar todo o sistema engendrado a partir do movimento sionista e a sua conseqüência mais grave, a ocupação dos territórios palestinos.


P.: Há uma informação, em seu livro, de que mesmo sendo também um judeu, passou por momentos de total incompreensão diante de outros integrantes das comunidades judaicas – tanto em Israel quanto aqui, no Brasil – devido à análise que fez sobre a luta entre os palestinos e Israel. Poderia citar quais?



Nathaniel: Desde o momento em que a questionar o apartheid de Israel me vi em confronto com, a infelizmente, arraigada mentalidade racial e colonialista que ainda esta disseminada nas comunidades judaicas. Um dos momentos mais impressionantes que vivi, neste sentido, foi aquele que ocorreu no ano de 1972, quando fizemos uma manifestação em frente ao parlamento israelense, o Knesset, contra a ocupação dos territórios palestinos. Os judeus integrantes do movimento Kach dirigidos pelo fascista Meir Kahane (acusado de ligações com a máfia nova-iorquina), vieram com o intuito de agredir os manifestantes. Esses elementos eram principalmente judeus norte-americanos treinados lá, nos EUA, em artes marciais, com a finalidade de depois irem a Israel para agredir os opositores do regime de ocupação e segregação racial. Nós tivemos que barrar esse vandalismo contra uma manifestação pacífica e justa, com nossas próprias mãos pois a polícia israelense ficou inerte e omissa, assistindo à agressão passivamente. Acho interessante que o leitor saiba que o Kach é um grupo que encarna a degeneração ideológica do sionismo e da sociedade israelense. Foram eles que estimularam o clima que levou ao assassinato de Itzhaq Rabin, em Tel Aviv, através de cartazes virulentos contra ele, então primeiro-ministro de Israel. Rabin foi oúnico dos dirigentes israelenses a promover verdadeiramente a paz com os palestinos, tendo sido o mais coerente e progressista dos dirigentes israelenses.

Entrevista com Nathaniel Braia, brasileiro-israelense.

Entrevista com Nathaniel Braia Judeu brasileiro, redator para questões internacionais do jornal Hora do Povo, sempre estudou em colégio judaico, e participa de movimentos ligados ao sionismo desde os oito anos de idade, foi viver em Israel aos dezoito anos. Sobre suas experiências no país, escreveu o livro “O Apartheid de Israel”. Nesse link, há uma entrevista com o autor:http://alfaomega.com.br/apartheid.php

Alguns trechos:

P: Qual foi o fator decisivo que o fez começar a compreender o que realmente acontecia entre o povo palestino e o Estado de Israel?

Nathaniel: Para mim foi um choque descer em Haifa e a partir daí percorrer Israel e ver o clima de racismo, segregação e desrespeito aos árabes palestinos no dia-a-dia daquele país. Como brasileiro havia tido uma vida acostumada à convivência entre brasileiros de diversas origens e, apesar de conviver com resquícios do racismo que existe no Brasil, nada se comparava à agressividade degenerada que eu passei a assistir e a repudiar em Israel, dos judeus contaminados pelo ódio, instilado pela mídia e pelos dirigentes locais, contra os árabes em geral e os palestinos em particular. Detalhe: no período em que vivi em Israel, tanto a mídia escrita, como falada e pela TV, nunca aparecia o nome palestino. Esse povo oprimido e despossuído era então tratado pelos israelenses apenas como “os terroristas”. Foi então que comecei a questionar todo o sistema engendrado a partir do movimento sionista e a sua conseqüência mais grave, a ocupação dos territórios palestinos.

P.: Há uma informação, em seu livro, de que mesmo sendo também um judeu, passou por momentos de total incompreensão diante de outros integrantes das comunidades judaicas – tanto em Israel quanto aqui, no Brasil – devido à análise que fez sobre a luta entre os palestinos e Israel. Poderia citar quais?

Nathaniel: Desde o momento em que a questionar o apartheid de Israel me vi em confronto com, a infelizmente, arraigada mentalidade racial e colonialista que ainda esta disseminada nas comunidades judaicas. Um dos momentos mais impressionantes que vivi, neste sentido, foi aquele que ocorreu no ano de 1972, quando fizemos uma manifestação em frente ao parlamento israelense, o Knesset, contra a ocupação dos territórios palestinos. Os judeus integrantes do movimento Kach dirigidos pelo fascista Meir Kahane (acusado de ligações com a máfia nova-iorquina), vieram com o intuito de agredir os manifestantes. Esses elementos eram principalmente judeus norte-americanos treinados lá, nos EUA, em artes marciais, com a finalidade de depois irem a Israel para agredir os opositores do regime de ocupação e segregação racial. Nós tivemos que barrar esse vandalismo contra uma manifestação pacífica e justa, com nossas próprias mãos pois a polícia israelense ficou inerte e omissa, assistindo à agressão passivamente. Acho interessante que o leitor saiba que o Kach é um grupo que encarna a degeneração ideológica do sionismo e da sociedade israelense. Foram eles que estimularam o clima que levou ao assassinato de Itzhaq Rabin, em Tel Aviv, através de cartazes virulentos contra ele, então primeiro-ministro de Israel. Rabin foi oúnico dos dirigentes israelenses a promover verdadeiramente a paz com os palestinos, tendo sido o mais coerente e progressista dos dirigentes israelenses.

Nov 25, 2008 10:00 Updated Nov 26, 2008 0:24
UNGA head accuses Israel of apartheidBy ALLISON HOFFMAN

A top UN official has called for "concrete action" against Israel over the country's treatment of Palestinians.

General Assembly President Miguel d'Escoto Brockmann said the international community should consider sanctions against Israel including "boycott, divestment and sanctions" similar to those enacted against South Africa two decades ago.
D'Escoto, who told The Jerusalem Post in an exclusive interview last month that he "loved" Israel but disagreed with its policies, reiterated in his speech Tuesday that he had "great love for the Jewish people." (...)

"Israeli policies in the Palestinian territories appear so similar to the apartheid of an earlier era, a continent away, and I believe it is very important we in the United Nations use this term," he said. "We must not be afraid to call something for what it is." (...)

http://www.jpost.com/servlet/Satellite?cid=1226404827209&pagename=JPost%2FJPArticle%2FShowFull

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Presidente da Assembléia Geral da ONU acusa Israel de praticar apartheid

Separados e desiguais

Separate and unequal
By Haim Yacobi
The term "mixed cities" is often perceived as pertaining to an idyllic image of a shared urban space. But it's a misleading idiom, as it hides from the Israeli public the extent of segregation and poverty experienced by Arab citizens living in cities such as Acre, Lod, Haifa and Ramle, where they constitute between 20 and 30 percent of the population. (...) This status is not coincidental, evolutional or neutral: It is the product of intentional policy, mostly implicit but occasionally explicit, operating according to ethno-national logic. Its main objective has and continues to be maintenance of the demographic dominance of the Jewish majority over the Arab minority in mixed cities. It is in this light that the violence of recent days in Acre should be viewed.
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Separados e desiguais. 17/10/2008 Por Haim Yacobi (Cientista Político, Universidade de Ben Gurion)
O termo cidades mistas é geralmente entendido como uma imagem idílica do espaço urbano sendo compartilhado. Mas é um termo inapropriado e oculta do publico israelense a extensão da pobreza e segregação que sofrem os cidadãos árabes de cidades como Acre, Lod, Haifa e Ramle, aonde constituem entre 20 e 30% da população. (...) Este status [de pobreza] não é incidental, acaso ou neutro: é um produto de uma política intencional, operando, implicitamente e as vezes explicitamente, de acordo com uma lógica etno-nacional. Seu objetivo principal é a manutenção da dominação demográfica de Judeus sobre minorias árabes nas cidades mistas. É sob a luz disto que a violência nos recentes dias em Acre deve ser vista.

http://www.haaretz.com/hasen/spages/1029370.html

Desmond Tutu, arcebispo da África do Sul: Palestina e Apartheid

Desmond Tutu é um arcebispo emérito, clérigo anglicano na África do Sul, combateu o apartheid e foi, em 1984, condecorado com o prêmio nobel da paz. É um intelectual, religioso e político. Na Monthly Review, em novembro de 2007, ele publicou um artigo intitulado "Palestina e Apartheid". Em um ponto, ele fala que experimentou uma sensação de que já havia visto tudo aquilo que via em Israel e na Palestina ocupada. E que esta lembrança dolorosa o lembrou dos mesmos sofrimentos que os negros sofriam sob o regime colonial racista na África do Sul. O artigo pode ser visualizado em inglês aqui: http://www.monthlyreview.org/mrzine/tutu031107.html

Em outra matéria, na BBC, em 2002, após uma visita à Terra Santa, ele condenou Israel por cometer apartheid. A matéria, também em inglês pode ser lida aqui: http://news.bbc.co.uk/2/hi/africa/1957644.stm

Professor Avi Shlaim (Universidade de Oxford) declarou em Londres recentemente (novembro de 2008) que os "assentamentos tornaram Israel em um Estado que pratica Apartheid" (Settlements turned Israel into apartheid state)http://www.haaretz.com/hasen/spages/1039411.html

Entrevista com José Saramago

O colaborador da BBC na Cisjordânia, José Vericat, conversou em Ramalah com o escritor José Saramago. BBC — Que propósito teve a sua visita à Palestina?Saramago — A intenção tem sido a de enviar aqui uma delegação de membros do Parlamento Internacional de Escritores para manifestar solidariedade aos narradores, poetas, dramaturgos palestinos.BBC — O que pode ter este conflito palestino-israelense de particular?Saramago — Vamos ver: Isto não é um conflito. Poderíamos chamá-lo conflito se se tratasse de dois países, com uma fronteira e dois estados, com um exército cada um. Aqui trata-se de uma coisa completamente distinta: Apartheid. Ruptura da estrutura social palestina pela impossibilidade de comunicação.BBC — Parece-lhe pertinente a analogia entre o sofrimento dos palestinos hoje, e o sofrimento dos judeus que teve lugar durante o regime nazista e em particular nos campos de concentração?Saramago — Isso de Auschwitz foi, evidentemente, uma comparação a propósito. Um protesto formulado em termos habituais, quiçá não provocasse a reação que tem provocado. Claro que não há câmaras de gás para exterminar palestinos, mas a situação na qual se encontra o povo palestino é uma situação concentracionária: Ninguém pode sair de seus povoados.Eu o disse e dito está. Mas, se a vocês incomoda muito isso de Auschwitz, eu posso substituir essa palavra, e em lugar de dizer Auschwitz digo crimes contra a humanidade. Não é uma questão de mais vítimas ou menos vítimas; não é uma questão de mais trágico ou menos trágico: É o fato em si. Isto que está acontecendo em Israel contra os palestinos é um crime contra a humanidade. Os palestinos são vítimas de crimes contra a humanidade cometidos pelo governo de Israel com o aplauso de seu povo.
(...)

BBC — Outra afirmação que o senhor teria feito sobre Israel, foi comparar a forma com que o governo israelense tem tratado os palestinos como uma espécie de apartheid...Saramago — Não é uma espécie de apartheid, é rigorosamente um apartheid, e sobre isso só tem dúvidas quem não veio aqui nunca. Se alguém quiser ser informado, supondo que as autoridades militares permitam o acesso, a passagem nos postos de controle para chegar às aldeias e cidades palestinas que estão completamente isoladas, onde não se pode entrar e de onde não se pode sair sem a autorização do Exército, se se quer ver como isto é efetivamente, há que vir aqui.A informação que nós temos, aquela que circula internacionalmente, dá sempre uma imagem de um lado e deixa outro praticamente omisso, ou apenas com as imagens de palestinos disparando para o ar quando acompanham os seus mortos. Eu não estou aqui dizendo que os israelenses são uns demônios e que os palestinos são uns anjos, não se trata disso, anjos e demônios há de um lado e de outro.