sábado, 10 de janeiro de 2009

Entrevista com Nathaniel Braia, brasileiro-israelense.

Entrevista com Nathaniel Braia Judeu brasileiro, redator para questões internacionais do jornal Hora do Povo, sempre estudou em colégio judaico, e participa de movimentos ligados ao sionismo desde os oito anos de idade, foi viver em Israel aos dezoito anos. Sobre suas experiências no país, escreveu o livro “O Apartheid de Israel”. Nesse link, há uma entrevista com o autor:http://alfaomega.com.br/apartheid.php


Alguns trechos:


P: Qual foi o fator decisivo que o fez começar a compreender o que realmente acontecia entre o povo palestino e o Estado de Israel?


Nathaniel: Para mim foi um choque descer em Haifa e a partir daí percorrer Israel e ver o clima de racismo, segregação e desrespeito aos árabes palestinos no dia-a-dia daquele país. Como brasileiro havia tido uma vida acostumada à convivência entre brasileiros de diversas origens e, apesar de conviver com resquícios do racismo que existe no Brasil, nada se comparava à agressividade degenerada que eu passei a assistir e a repudiar em Israel, dos judeus contaminados pelo ódio, instilado pela mídia e pelos dirigentes locais, contra os árabes em geral e os palestinos em particular. Detalhe: no período em que vivi em Israel, tanto a mídia escrita, como falada e pela TV, nunca aparecia o nome palestino. Esse povo oprimido e despossuído era então tratado pelos israelenses apenas como “os terroristas”. Foi então que comecei a questionar todo o sistema engendrado a partir do movimento sionista e a sua conseqüência mais grave, a ocupação dos territórios palestinos.


P.: Há uma informação, em seu livro, de que mesmo sendo também um judeu, passou por momentos de total incompreensão diante de outros integrantes das comunidades judaicas – tanto em Israel quanto aqui, no Brasil – devido à análise que fez sobre a luta entre os palestinos e Israel. Poderia citar quais?



Nathaniel: Desde o momento em que a questionar o apartheid de Israel me vi em confronto com, a infelizmente, arraigada mentalidade racial e colonialista que ainda esta disseminada nas comunidades judaicas. Um dos momentos mais impressionantes que vivi, neste sentido, foi aquele que ocorreu no ano de 1972, quando fizemos uma manifestação em frente ao parlamento israelense, o Knesset, contra a ocupação dos territórios palestinos. Os judeus integrantes do movimento Kach dirigidos pelo fascista Meir Kahane (acusado de ligações com a máfia nova-iorquina), vieram com o intuito de agredir os manifestantes. Esses elementos eram principalmente judeus norte-americanos treinados lá, nos EUA, em artes marciais, com a finalidade de depois irem a Israel para agredir os opositores do regime de ocupação e segregação racial. Nós tivemos que barrar esse vandalismo contra uma manifestação pacífica e justa, com nossas próprias mãos pois a polícia israelense ficou inerte e omissa, assistindo à agressão passivamente. Acho interessante que o leitor saiba que o Kach é um grupo que encarna a degeneração ideológica do sionismo e da sociedade israelense. Foram eles que estimularam o clima que levou ao assassinato de Itzhaq Rabin, em Tel Aviv, através de cartazes virulentos contra ele, então primeiro-ministro de Israel. Rabin foi oúnico dos dirigentes israelenses a promover verdadeiramente a paz com os palestinos, tendo sido o mais coerente e progressista dos dirigentes israelenses.

Nenhum comentário: