domingo, 3 de janeiro de 2010

Novas leis de apartheid em Israel

Por Jonathan Lis, do Haaretz.

A Comissão de Constituição e Legislação do Parlamento de Israel (Knesset) teve um debate no dia 22/12/2009 em torno de dois projetos de leis que permitirão comunidades israelenses de "selecionar" os seus residentes.

As propostas de lei surgem entre a controvérsia em que comunidades judaicas do norte recusaram a entrada de árabes-israelenses para morarem nessas cidades.

As leis foram apresentadas pelos parlamentares Israel Hasson e Shai Hermesh, ambos do partido Kadima (partido político declarado de centro, fundado por Ariel Sharon) e o presidente da Comissão de Constituição, o deputado David Rotem, do partido Yisrael Beiteinu (Israel é nosso lar, partido de extrema-direita). A lei foi proposta após uma declaração do Alto Tribunal de Israel de que comitês para selecionarem habitantes são ilegais.

O parlamentar árabe-israelense Ahmed Tibi (também presidente do partido Ta'al, Movimento Árabe para Renovação) condenou as leis que já foram preliminarmente aprovadas. Ele declarou que as leis permitirão uma prática sistemática de racismo: "O racismo está sendo aprovado. Há um fluxo de leis racistas; vocês sequer se envergonham."

Ele afirmou que "[Israel] é um país judeu e democrático: democrático para os judeus e judeu para os árabes". Ahmed Tibi conclui apontando que se a declaração de independência israelense fosse ser votada hoje, não seria aprovada.

Os projetos de leis permitirão que assentamentos e comunidades, como moshavim, desqualifiquem candidatos sob o fundamento de "status econômico" ou "incompatibilidade com o estilo de vida da comunidade". O debate rapidamente evoluiu para o fato de que comitês internos terão habilidade de impedir que árabes-israelenses comprem terras ou construam casas se assim for decidido por esses grupos.


Fonte: Haaretz - http://www.haaretz.com/hasen/spages/1136867.html

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Judaísmo radicalizado: Rabinos incitam soldados

Dec 31, 2009 23:56 | Updated Jan 2, 2010 8:48
Ex-IDF rabbis: Halacha is above military orders
By MATTHEW WAGNER

http://www.jpost.com/servlet/Satellite?cid=1261364566025&pagename=JPost/JPArticle/ShowFull


A group of seven former IDF rabbis, including the former chief rabbis of the air force, the navy and the IDF Educational Division, have declared that in situations where Halacha and military orders clash, Halacha takes precedence. (...) The letter is signed by former IDF deputy chief rabbi Yosef Harel, former navy chief rabbi Meir Keller, former ground forces chief rabbi Yosef Wasserman, former Education Division chief rabbi Yehiel Farber, former Home Front Command chief rabbi Shlomo Garbarchik, former air force chief rabbi Avshalom Katzir and LAHAV's chairman Chief Rabbi (res.) Pini Isaac.



Ex-rabinos das Forças Armadas (de Ocupação) de Israel: "Halacha (Lei Religiosa do Judaísmo) está acima de ordens militares"



Um grupo de sete ex-rabinos das Forças Armadas (de Ocupação) de Israel, incluindo o chefe de rabinos da aeronáutica, da marinha e da Divisão de Educação das Forças Armadas, declararam que em situações onde a Lei Religiosa Judaica e as ordens militares se chocarem, a religião deve prevalecer.

(...)

A carta é assinada pelos rabinos Yosef Harel (ex-rabino chefe das Forças Armadas), Meir Keller (ex-rabino chefe da Marinha), Yosef Wasserman (ex-rabino chefe das Forças de Terra),Yehiel Farber (ex-rabino chefe da Divisão de Educação das Forças Armadas), Shlomo Garbarchik (ex-rabino chefe do Comando da Frente do Lar), Avshalon Katzir (ex-rabino chefe da Aeronáutica) e o presidente da LAHAV o rabino Pini Isaac.

LAHAV é uma organização de ultra-direita que "busca fortalecer o judaísmo nas forças armadas de Israel".

A carta, assinada por proeminentes e influentes rabinos israelenses, é um novo marco no radicalismo judaico em Israel, apelando para a desobediência e subversão dentro das forças armadas contra uma eventual retirada de colonos judeus-sionistas dos territórios palestinos ocupados.

No mês de novembro de 2009, um grupo de soldados israelenses se recusou a cumprir a ordem de demolição de casas de colonos judeus-israelenses contruídas ilegalmente na Cisjordânia ocupada, o que foi o estopim e revela a dimensão da atual crise entre grupos religiosos e as forças armadas.

A radicalização foi ainda demonstrada no discurso do Rabino-Chefe das Forças Armadas (de Ocupação) de Israel, o Brigadeiro-General Avichai Rontzki declarou que soldados que "demonstram misericórdia ao inimigo serão amaldiçoados". Durante a Guerra em Gaza (Dezembro de 2008 e Janeiro de 2009), Rontzki clamou os soldados israelenses a não demonstrarem perdão ou preocupação com o inimigo.

Em dezembro de 2009, um manifesto assinado por 35 rabinos ultra-nacionalistas e chefiados pelo ex-Grão Rabino de Israel, Avraham Shapira já havia sinalizado em igual sentido, afirmando que "[a] obrigação em relação aos mandamentos da Torah antecede qualquer outra lei de instituições civis ou ordem do governo".

Em manifesto organizado por estudantes judeus-israelenses secundaristas que estão às vésperas do alistamento militar obrigatório, declararam em carta entregue ao governo de Israel que "[o]rdens de retirar assentamentos representam uma violação grave do mandamento da Torah de colonizar a terra de Israel".

No dia 1o de dezembro (2009), O "Conselho da Judéia e Samaria" (nomes pelos quais os sionistas se referem aos territórios palestinos ocupados) já havia afirmado que iriam prosseguir com a invasão das terras árabes-palestinas: "Vamos continuar a construção do país com ou sem o governo", anunciaram os líderes dos colonos. A decisão do governo prejudica os direitos básicos de mais de 300 mil israelenses que moram em Judeia e Samaria e promove a criação de um Estado palestino no coração da terra de Israel".

Dando força ao movimento religioso ultra-ortodoxo e nacionalista-radical, o ministro da Justiça de Israel, Yacov Ne'eman, defendeu em 8 de dezembro (2009) a transformação da Halacha (conjunto de leis ortodoxas) na legislação oficial israelense.

Atualmente existem 300 mil colonos judeus-israelenses ocupando ilegalmente áreas palestinas na Cisjordânia. Essa invasão e ocupação impede a continuidade territorial de um eventual Estado palestino. As colônias judaico-israelenses também são fontes de conflitos, uma vez que servem de postos avançados de Israel para o controle de recursos hídricos e do deslocamento de palestinos.


Veja também:

Soldados israelenses recusam ordem de demolir casas de colonos - http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u653209.shtml

IDF Chief Rabbi: Troops who show mercy to enemy will be 'damned' (Rabino-Chefe das Forças Aramadas: Soldados que demonstrarem misericória para com o inimigo serão amaldiçoados) - http://www.haaretz.com/hasen/spages/1128144.html

Colonos desafiam congelamento de assentamentos na Cisjordânia - http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/12/091201_israelassentamentos_gf.shtml

Extrema direita de Israel quer ‘clima de guerra’ contra paralisação em assentamentos - http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/12/091224_israelassentamentos_gf.shtml

Ministro israelense defende teocracia no país - http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/12/091208_israelleitorah_gf.shtml

31/12/2009 - 12h57

Prefeito de Jerusalém diz que críticas não frearão as construções


O prefeito de Jerusalém, Nir Barkat, disse ontem (30) que as críticas dos Estados Unidos não terão nenhum impacto na ordem para construir novas casas na parte oriental da cidade. Para o prefeito, a exigência de que as obras parem "não seria legal em nenhum país do mundo".

Recentemente, o Ministério de Habitação de Israel lançou licitação pública para a construção de 700 casas para colonos na parte oriental da cidade, ocupada em 1967 na Guerra dos Seis Dias e anexada posteriormente por Israel, que considera a cidade "indivisível". Em novembro, Israel já havia anunciado a construção de 900 casas em Gilo, ao sul de Jerusalém.

Foi em visita a Gilo, acompanhado do jornal israelense "Ha'aretz", que o prefeito falou sobre a suposta inocuidade da exigência americana.

Para os EUA e boa parte da comunidade internacional, a expansão de colônias judaicas em territórios palestinos ocupados em 1967 é um dos principais obstáculos para a retomada das negociações da paz. Os palestinos acusam Israel de buscar, com essas obras, inviabilizar a construção de um Estado palestino anexo, com Jerusalém Oriental como capital.

Cerca de 300 mil colonos vivem atualmente na Cisjordânia, além de 180 mil judeus israelenses que vivem em Jerusalém Oriental.

Na segunda-feira (28), o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, manifestou a oposição do governo à construção de novos assentamentos judaicos em Jerusalém Oriental, com maioria árabe. "O status de Jerusalém deve ser resolvido pelas partes diante das negociações e com o apoio da comunidade internacional", afirmou Gibbs em uma declaração por escrito.

O premiê israelense, Binyamin Netanyahu, declarou no mês passado uma moratória de dez meses na construção de novas casas para colonos na Cisjordânia, mas a pausa não incluiu prédios públicos, casas cujos alicerces já foram colocados, nem Jerusalém Oriental.