A Ocupação está se tornando um Apartheid - 03/10/2007
Editorial do Haaretz - A Ocupação está se tornando uma Política de Apartheid (link) - Aonde está a Ocupação? (título) http://www.haaretz.com/hasen/spages/909327.html
Os territórios ocupados e os palestinos que lá vivem estão, lentamente, se tornando realidades virtuais, distantes do coração e dos olhares. Trabalhadores palestinos desapareceram de nossas ruas. Israelenses não mais entram em cidades palestinas para compras. Há uma nova geração em ambos os lados que não se conhecem. Até mesmo os colonos-assentados não mais conhecem palestinos em razão de sistemas de estradas distintos entre as duas populações; um é livre e rápido, o outro, bloqueado e precário. Enquanto os políticos argumentam estar dividindo a terra entre dois povos, o povo permanece apático. O povo sente que a divisão já aconteceu. O abandono militar de Gaza [2000], a evacuação de Gush Katif, a construção da barreira de separação [o muro do Apartheid], - o problema foi solucionado para nossa satisfação. Os assentados estão conduzindo a política de colonização por conta própria, tomando novas áreas, expandindo assentamentos, tudo para assegurar uma permanência. Eles já estão satisfeitos com o status quo mantido pelo Shin Bet [Serviço Secreto] Serviço de Segurança e pelas Forças Armadas.A separação de fato é hoje mais similar ao apartheid do que um regime de ocupação em decorrência da constância. Um lado – determinado pelo critério nacional e não associação geográfica – inclui pessoas com direitos de escolher e liberdade de locomoção, combinados com uma economia crescente. Do outro lado, pessoas trancadas atrás de muros que circundam suas comunidades, sem direito ao voto, privados do direito de ir e vir e sem possibilidades de planejar seu futuro. O distanciamento econômico está se aprofundando ainda mais com a crescente importação de trabalhadores da China e Romênia. O medo de ataques terroristas transformou trabalhadores palestinos em indesejáveis.
Vem crescendo relatórios que apontam a “evolução” da ocupação. Dezesseis pontos de controle entre a Cisjordânia e Israel agora são controlado por civis ao invés de militares. Diante disto, constata-se um ato de normalização, idêntica a situação de fronteiras internacionais. Mas neste caso, apenas um dos Estados existe. Na ausência de acordos sobre fronteiras, limites de segurança que Israel estabeleceu unilateralmente. Os frustrados e assustados soldados revistando cada palestino agora foram substituídos por agentes contratados diretamente pelo Ministério da Defesa.Seu trabalho é verificar as pessoas portando permissões; em outras palavras, civis, sob autorização do Serviço Secreto, que tem entrada permitida em Israel. Os pontos e postos de controle estão sob sofisticados mecanismos de vigilância, quase sem contato humano, em reforçadas estruturas a prova de explosão. O novo método evitou problemas às Forças Armadas mas desenvolveu o distanciamento. O contato entre soldados e palestinos, precisamente pelo seu caráter traumático, dirigia israelenses e palestinos a buscarem uma solução política. As histórias que os soldados traziam para casa alimentavam o debate público. Agora, os soldados estão estacionados nas rodovias na Cisjordânia e há menos tensionamento. Então, o discurso foi também minimizado.Pode esta situação continuar indefinidamente? Quanto menos israelenses verem a ocupação mais fácil será ignorá-la. Em setembro, 33 palestinos e um soldado israelense foram mortos em operações militares contra os foguetes Qassam. Apenas na próxima intifada, ou quando mísseis forem atirados da Cisjordânia contra Israel, que nós nos lembraremos novamente que somos uma força de ocupação.
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