08/04/2010 - 15h25
GUILA FLINT
de Tel Aviv para a BBC Brasil
A Justiça de Israel suspendeu nesta quinta-feira uma liminar que proibia a publicação pela imprensa israelense de informações sobre o caso de uma jornalista acusada de roubar e expor documentos militares secretos.
A proibição, imposta há quatro meses, foi suspensa após semanas de intensa pressão de órgãos da imprensa do país, que acusavam o governo de censura.
A jornalista Anat Kam, de 23 anos, foi acusada pelo serviço de inteligência interna de Israel, o Shin Bet, de ter roubado, durante seu serviço militar, mais de 2.000 documentos secretos das Forças Armadas de Israel.
Os documentos, segundo especialistas, teriam informações sobre como militares israelenses violaram regras sobre assassinato de militantes.
Kam --que trabalhou como jornalista para o site de notícias Walla-- foi acusada de "espionagem grave", e relatos da imprensa israelense afirmam que ela teria ficado sob prisão domiciliar por quatro meses.
A proibição de divulgação do episódio despertou críticas da imprensa e de juristas locais, que acusaram as autoridades de ferir a liberdade de expressão e o direito do público israelense de receber informação, especialmente devido ao fato de que as informações estavam sendo divulgadas no exterior.
O jornal de maior tiragem de Israel, "Yediot Ahronot", dedicou na última terça-feira uma página inteira a um protesto contra a proibição do governo, publicando um texto totalmente fragmentado e quase ininteligível em que mais de metade das palavras apareciam cobertas por retângulos negros.
O caso foi amplamente divulgado pela imprensa estrangeira, mas a Justiça israelense só permitiu nesta quinta-feira que o público israelense tomasse conhecimento do conteúdo do que ficou conhecido no país como "episódio enigmático".
Continua: http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ult272u718081.shtml
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